domingo, 31 de janeiro de 2010

PROJETO DE TRABALHO - UMA NOVA EXPERIÊNCIA

Este trabalho pedagógico foi desenvolvido no ano de 2008, pela equipe de profissionais da EMEI Guilherme de Almeida, uma escola de educação infantil, com aproximadamente 200 alunos, com a idade de 3 a 6 anos, por opção do grupo de professores que com muitos anos nessa Unidade Educacional, que procuravam uma nova forma de tornar o processo de aprendizagem mais prazeroso para as crianças e para eles, uma reformulação capaz de estimular mais o interesse das crianças, despertar mais sua iniciativa, permitir maior socialização entre elas, enfim, trouxesse um novo significado para as vivências e experiências profissionais de toda equipe. Assim, a equipe gestora (diretora educacional e orientadora pedagógica) recém chegadas na escola, propõem ao grupo o Projeto de Trabalho, uma vez que já vinham de outra Unidade Escolar, onde juntas já haviam experienciado esta forma de trabalho que, ao longo dos anos, se concretizou efetivamente em um trabalho pedagógico capaz de fundamentar um trabalho de equipe, ou seja, envolver todos os integrantes da comunidade escolar (escola/família) e re-significando os momentos de formação e integração dos educadores, reuniões de pais, Conselho de Escola, as festas comemorativas, os passeios, as exposições, recursos didáticos, espaços físicos, enfim, todo trabalho pensado, avaliado e modificado por todos envolvidos com a criança.
Após a reflexão de alguns textos sobre o assunto, ainda timidamente, passamos as nossas intenções educativas, fixando nossos objetivos - “Ampliar o conhecimento das crianças sobre a biodiversidade existente em nosso planeta” (PP/2008, p.42); conscientização da importancia da preservação do meio ambiente...(PP/2008, p.45); envolver a família e a comunidade no processo educativo. (PP/2008, p.52). Nesta perspectiva firmamos nosso projeto de trabalho em eixos norteadores, didaticamente, divididos em dois semestres, com os temas: No céu, na terra e no mar...animais em todo lugar! (1º semestre) e No céu, na terra e no mar...educar para preservar!(2º semestre)
Para a cumprimento do papel de mediador de todo processo educativo os instrumentos metodológicos: planejamento, registro, reflexão, avaliação e replanejamento, foi fundamental para a organização do trabalho – o que os alunos sabem? o que estão aprendendo? o que aprenderam?, uma vez que “o Projeto de Trabalho pressupõe uma participação ativa dos alunos na construção do conhecimento, envolvendo o levantamento do que as crianças já conhecem sobre o tema, o que desejam saber e o registro de todo caminho percorrido na busca de respostas” (PP/2008, p.50)
Passamos a ação – cada turma escolheu um animal para representa-la e saber mais sobre ele. Como nascem? Onde moram? O que comem? Quais são da mesma família? - são algumas das questões que permearam todo dialógo pedagógica ocorrido durante todo o processo de desenvolvimento do projeto. A palavra de ordem é pesquisar - “ Alunos - Professora, por que você não fala se é ou não é? Profª – Quando não sabemos algo, a melhor resposta é procurarmos nos livros, porque assim temos certeza....criam o hábito de pesquisar”. (Profª C./Caderno de Registro)
Assim, foram realizadas pesquisas na biblioteca da escola, biblioteca da sala, em bibliotecas particulares dos alunos e professores, pesquisas em revistas, videos e internet, os educadores visitaram a Bienal do Livro/2008 para aquisição e ampliação do acervo da biblioteca com livros sobre o tema e a participação da família (pais, mães, padrinhos, irmãos...) foi fundamental. Também foi realizado um passeio ao Bosque dos Jequitibás onde fotografamos muitos animais e fizemos descobertas - “...na ponta do rabo do leão tem uma unha...é para ele usar durante a briga” (Aluno AGIII A) Nosso espaço físico se constituiu em grande laboratório – nele encontramos sapos, plantamos nossa horta/jardinagem e descobrimos borboletas de várias cores, enfim, as crianças tornaram o espaço externo num grande campo de pesquisa – “por que apareceu sapo aqui na escola? Aqui não tem rio?”.Nossos recursos didáticos – brinquedos, massinhas..., ganharam vida nas maquetes, foram fonte de inspiração para nossas esculturas de animais. O trabalho desenvolvido pelas professoras no CHP se configuraram num grande subsidio para o trabalho: pesquisando sobre as cobras, borboletas, realizando peças de teatro sobre o tema desenvolvido. As festas comemorativas e as reuniões de pais também ganharam um novo formato, passaram a ser momentos para o enriquecimento dos temas trabalhados, o que mobilizava cada dia mais o envolvimento de toda comunidade. Assim, a Semana da Família se retratou num grande momento, onde ocorreram diferentes atividades com a participação efetiva de pais, irmãos, avós e vizinhos, enfim todos que de uma forma ou outra participaram do processo – Exposição “Educar para preservar”, plantio da horta e jardim, oficina de camisetas e cartazes para a “Caminhada Ecológica”, culminando com a “Caminhada Ecológica” pelas ruas próximas a escola, onde pais, alunos, professores, funcionários e equipe gestora, deram uma aula de cidadania para todos, chamando todos para a questão da preservação do meio ambiente – os sacos de lixos chegaram cheios de garrafas plásticas e sacolas, papeis e muitas outras coisas deixadas pelas pessoas na rua do bairro, para serem colocados em seus devidos lugares. O alerta estampado na camisetas de todos e nos cartazes chamavam a população para a conscientização urgentemente necessária.- educar para preservar. Com um grande “Café Coletivo” e a apresentação do Coral dos Alunos da EMEI Guilherme de Almeida, que apresentaram músicas sobre o tema, deixamos nossa mensagem de preservação para todos os presentes -” A sacola de plástico suja a terra.(Aluna P.F/AGII B) (...)Com a sacola que pintamos, vamos salvar a natureza...(Aluna J./AGII A)
Nossa avaliação fica registrada no Livro de Visitas da Exposição, aberto para todos os visitantes durante toda semana de programação. Nas muitas mensagens escritas, deixamos uma delas que sintetiza a proposta de projeto de trabalho.
“O trabalho que está sendo feito é graças a união e colaboração de todos vocês. Tudo ficou lindo, criativo e pedagógico. Acho também que , esse trabalho ajuda o desenvolvimento pedagógico dos alunos e dos pais, que precisam ter consciencia para melhorar cada vez mais a educação”(Família da I.B/Livro de Visita da Exposição, p.20)
Na avaliação do projeto pedagógico ficam nos pareceres de alguns pais e confirmação de que o trabalho com projetos aqui proposto levou toda a equipe a experiênciar e vivenciar o desafio de “formar indivíduos com uma visão mais global da realidade, vincular a aprendizagem a situações e problemas reais, trabalhar a partir da pluralidade e da diversidade, preparar para aprender toda a vida...”( Hernandez, 1998, p.49)
Sem dúvida o projeto sobre “a natureza” deixou a Deborah bastante consciente e entusiasmada sobre o que a cerca e isso foi o que mais me chamou a atenção. (...) Achei maravilhoso, o meu filho comentava e se interessava muito pela natureza e animais e me contava muitas curiosidades que mesmo eu não sabia. (…) (...) ...em 2008...eles evoluiram no aprendizado, evoluiram muito como crianças...(...)(...) O aprendizado, as brincadeiras, as idéias criativas, a união entre professores, coordenador e diretor, o incentivo de cuidar das plantas, preservação da natureza e o cuidar dos animais, enfim, tanto meu filho quanto eu gostamos demais de tudo e com certeza ficará muita saudade em todos.(...)...gostei de todos os projetos, sendo notável o conhecimento do meu filho em todos os projetos. Meu filho está empenhado em preservar a natureza e a cuidar dos animais. Estou extremamente feliz com a escola e com seus projetos que também é nosso. (Pais de Alunos) (AVP-2º semestre/2008, p.53-55)

(mrmos)


BIBLIOGRAFIA: Almeida, EMEI Guilherme de. 2008. Plano Escolar/Projeto Pedagógico.SME/PMC

Almeida, EMEI Guilherme de. 2008. Avaliação do Projeto Pedagógico 1º e 2º semestre.SME/PMC

Hernandez, Fernando.1998. Transgressao e Mudanca na Educacao. Porto Alegre:ArtMed

terça-feira, 13 de outubro de 2009

SER PROFESSORA É MAIS QUE PROFISSÃO

Aos Professores

As bolas de papel na cabeça,
Os inúmeros diários para se corrigir,
As críticas, as noites mal dormidas...
Tudo isso não foi o suficiente
Para te fazer desistir do teu maior sonho:
Tornar possíveis os sonhos do mundo.
Que bom que esta tua vocação
Tem despertado a vocação de muitos.
Parece injusto desejar-te um feliz dia dos professores,
Quando em seu dia a dia,
Tantas dificuldades acontecem.
A rotina é dura, mas você ainda persiste.
Teu mundo é alegre, pois você
Consegue olhar os olhos
De todos os outros e fazê-los felizes também.
Você é feliz, pois na tua matemática de vida,
Dividir é sempre a melhor solução.
Você é grande e nobre, pois o seu ofício árduo
Lapida o teu coração a cada dia,
Dando-te tanto prazer de ensinar.
Homenagens, frases poéticas,
Certamente farão parte do seu dia a dia
E quero de forma especial
Relembrar a pessoa maravilhosa que você é.
É por isto que você merece esta homenagem
Hoje e sempre,
Por aquilo que você é e por aquilo que você faz.
PARABÉNS!
(autor desconhecido)

domingo, 21 de junho de 2009

FORMAÇÃO DE EDUCADORES...contando uma experiência

Conhecendo um pouco de nossa história....
Uma escola de educação infantil municipal fundada em 1992, num bairro localizado no distrito industrial de Campinas (DIC II), projetada para atender crianças de três meses a seis anos, priorizando o atendimento integral das crianças, com aproximadamente 720 crianças e 80 funcionários: professores, monitores, serventes....
Assim, este texto revela, essencialmente, vivências de uma educadora que busca reinventar significados e procura reacender em alunos e educadores o desejo da aprendizagem. Sabemos apenas que, aprender é um desafio permanente e, portanto a formação em serviço dos educadores é fundamental para a qualificação do trabalho pedagógico da Unidade Escolar.
Nossos encaminhamentos passaram por inúmeras questões fundamentais para o desenvolvimento do trabalho pedagógico: - Como planejar? Que conhecimentos e instrumentos profissionais devem ser privilegiados na formação em serviço aos educadores? O que nos impede de transformar novas idéias em realizações? Na escola, quais são os fatores que atrapalham e quais são os que ajudam a inovação​​?Por que, muitas vezes é tão difícil pensar diferente, inovar na educação?
Partimos do cotidiano da sala de aula, pois é neste cotidiano que está concentrado os elementos de dificuldades do educador, portanto, é o ponto de partida de nossas reflexões, as quais deverão ser instrumentalizadas teoricamente. Não se tem à prática sem a teoria, e a recíproca é verdadeira.
Percebe-se muitas vezes a negação em trabalhar coletivamente, e o quanto essa dinâmica está relacionado com a formação dos educadores. Nos ensinam que é preciso trabalhar coletivamente, que o planejamento do trabalho pedagógico deve ser coletivo, só que as vivencias e as experiências ficam de fora, trazem a marca do individual, da negação das diferenças e da troca de idéias. A dificuldade para propor, encaminhar e efetivar uma prática coletiva é uma construção árdua, a qual nos leva a rever nossas atitudes profissionais, renovar nossos desejos, nos despir de nossos pré-conceitos, enfim, nos permiti vivenciar um grande exercício de reflexão.
Por que não criar a prática do registro? Registrar é construir nossa história educacional, um processo a ser experimentando – só se aprende a registrar, registrando. O medo do “não sei escrever”, os erros, as falhas e a falta de fundamentos passam a constituir-se em atitude de diálogo, de troca e de encaminhamentos para a construção coletiva. Desmistificar que só os grandes teóricos são capazes de produzir textos, vai se tornando uma conquista. O caderno de registro passa a ser um instrumento valioso para os educadores, os quais retratam nele seu dia-a-dia. O registro vai se tornando parte fundamental para a renovação de nossas práticas pedagógicas, se caracterizando numa atitude cotidiana de organização, o qual acompanha e avalia todo trabalho desenvolvido na Unidade, ampliando nossos conhecimentos acerca do processo educativo, ajudando-nos avançar em nossos encaminhamentos, levantando hipóteses sobre o que não foi devidamente planejado, possibilitando-nos rever a organização dos espaços físicos, os objetos utilizados, enfim, possibilitar a organização de dados que nos forneçam elementos para re-planejar.
Como criar um clima mais favorável às novas idéias?
Estava faltando algo mais em relação aos momentos de formação dos educadores...Somente aos professores era facultado este momento semanalmente, o grande avanço foi tornar possível fazê-lo conjuntamente com a presença dos monitores, profissionais que lidam diretamente com a criança, mas não têm, necessariamente, formação no magistério, muitos sequer têm o 1º grau completo. Acreditando que todos na escola se constituem em educadores também aos funcionários da limpeza e lavanderia, todos, desde a direção, começaram a participar dessa formação em serviço coletiva. Estas reuniões passaram a ocorrer num dia letivo, portanto outro aspecto debatido por todos, foi à necessidade de criarmos estratégias para que os monitores que estaria cobrindo o setor no horário do sono das crianças tivessem garantido seu espaço semanal de estudo, assim ficou estabelecido o revezamento – realizado uma escala que contemplasse a presença de todos em pelo menos três reuniões no mês. Houve conflitos de interesses pessoais, mas graças ao bom senso e o fortalecimento do grupo frente às concepções do projeto pedagógico foram nosso compromisso.
Esses momentos de formação coletiva se constituíram num exercício de resgatar a dimensão humana do fazer, onde todos éramos produtores de idéias que encaminham a construção coletiva do conhecimento, na possibilidade real de acerto, na interação, na crítica transparente e na prática conjunta. Não existe verdade absoluta, nada é firmado como certo e errado, o que se tinha é a possibilidade da criação, construído a partir do compromisso e do respeito com o outro. A desconfiança e o medo da crítica ainda estavam presentes, mas a questão da participação coletiva vai se definindo como conquista – é preciso investir profundamente.
Assim, os momentos de formação, a partir do eixo de nosso trabalho pedagógico, corpo de todo nosso Projeto Pedagógico – o Projeto Identidade, vai sendo construído nas possibilidades de organizar o trabalho dos educadores na condução da prática com as crianças, utilizamos textos produzidos pelos educadores nestes momentos, e também aqueles utilizados no projeto, além de vídeos e situações do cotidiano, tudo permeado pelas discussões. Assim, foram experimentadas mudanças na rotina do grupo, com a criação dos trabalhos em mini-grupos, que passam a dar as crianças de três meses a três a possibilidade de vivenciar além do grande grupo (setor) o pequeno grupo formado pela divisão das crianças entre os profissionais (professor e monitores) de cada setor, de modo a privilegiar a mediação do profissional diante as atividades planejadas para e com as crianças.
Ainda, ao tratarmos da formação em serviço dos educadores tínhamos em nosso calendário escolar as reuniões de planejamento e integração, denominadas formação continuada, as quais ocorriam bimestralmente num dia não letivo, e onde buscávamos qualificar os momentos coletivos já existentes, ou seja, propiciar aos educadores visitas a Bienal do Livro, Museus de Arte, participação em eventos promovidos por instituições formadoras de educadores, convite de palestrantes pela escola, enfim, toda forma de oportunidade que pudesse propiciar interações qualificadas aos educadores.
Na escola, quais são os fatores que atrapalham e quais são os que ajudam a inovação​​?
Respondendo a questão, podemos afirmar que a concretização desse trabalho pedagógico foi possível graças a uma gestão escolar – espinha dorsal de todo trabalho, exercendo a paixão pela pesquisa e a arte dos desafios no cumprimento de seu papel de mediadores de todo processo educacional, acreditando que não se aprende apenas a fazer, mas a pensar sobre e decidir como, de forma contextualizada, articulada, caso contrário, o processo educativo fica restrito à reprodução de práticas sem significados. Fica para nós um aprendizado - um trabalho pedagógico não se decreta...é construído!
(mmarthasramos)

domingo, 31 de maio de 2009

BRINCADEIRAS - MARCAS EM NOSSAS VIDAS...

O universo infantil está presente em cada um de nós. As experiências na infância deixam profundas marcas em nossa vida, mesmo sem sabermos disso, e as trazemos nos gestos, nas falas e nos costumes. Tudo fica guardado: os “bens e males” que vivemos fazem parte de nossa história pessoal e social, estando escondidos ou não em nossa memória. Os brinquedos e as brincadeiras integram esse leque de experiências vividas.
Como então trazer a brincadeira para o cotidiano da educação infantil?
A questão não é a de trazer receitas, mas a de estarmos sempre inquietos no que diz respeito ao brincar, principalmente nas nossas escolas de educação infantil. O brincar, nesses espaços educativos, precisa estar num constante quadro de inquietações e reflexões dos educadores que os compõem. É sempre bom nos fazermos perguntas como estas:
A que fins estão sendo propostas as brincadeiras? A quem estão servindo? Como elas estão sendo apresentadas? Como agimos diante das crianças? Sabemos dos seus gostos, dos seus sonhos, do que gostam ou não de fazer? Nós as ouvimos?
Educar é um ato de coragem e de ousadia. Só poderemos reconhecer uma criança se, nela, reconhecermos um pouco da criança que fomos e que, de certa forma, ainda existe em nós. Provavelmente, tivemos medos, aventuras, birras, alegrias e frustrações, e tudo isso uma criança também vive em nossos dias.
Lembramos que, para brincar na idade adulta, não precisamos “virar criança” e imbecilizar as brincadeiras. O que se aprende é também pela imitação do adulto e, se o adulto tem o brincar em seu cotidiano, o contato e o vínculo com as crianças, provavelmente, serão mais próximos.