domingo, 21 de junho de 2009

FORMAÇÃO DE EDUCADORES...contando uma experiência

Conhecendo um pouco de nossa história....
Uma escola de educação infantil municipal fundada em 1992, num bairro localizado no distrito industrial de Campinas (DIC II), projetada para atender crianças de três meses a seis anos, priorizando o atendimento integral das crianças, com aproximadamente 720 crianças e 80 funcionários: professores, monitores, serventes....
Assim, este texto revela, essencialmente, vivências de uma educadora que busca reinventar significados e procura reacender em alunos e educadores o desejo da aprendizagem. Sabemos apenas que, aprender é um desafio permanente e, portanto a formação em serviço dos educadores é fundamental para a qualificação do trabalho pedagógico da Unidade Escolar.
Nossos encaminhamentos passaram por inúmeras questões fundamentais para o desenvolvimento do trabalho pedagógico: - Como planejar? Que conhecimentos e instrumentos profissionais devem ser privilegiados na formação em serviço aos educadores? O que nos impede de transformar novas idéias em realizações? Na escola, quais são os fatores que atrapalham e quais são os que ajudam a inovação​​?Por que, muitas vezes é tão difícil pensar diferente, inovar na educação?
Partimos do cotidiano da sala de aula, pois é neste cotidiano que está concentrado os elementos de dificuldades do educador, portanto, é o ponto de partida de nossas reflexões, as quais deverão ser instrumentalizadas teoricamente. Não se tem à prática sem a teoria, e a recíproca é verdadeira.
Percebe-se muitas vezes a negação em trabalhar coletivamente, e o quanto essa dinâmica está relacionado com a formação dos educadores. Nos ensinam que é preciso trabalhar coletivamente, que o planejamento do trabalho pedagógico deve ser coletivo, só que as vivencias e as experiências ficam de fora, trazem a marca do individual, da negação das diferenças e da troca de idéias. A dificuldade para propor, encaminhar e efetivar uma prática coletiva é uma construção árdua, a qual nos leva a rever nossas atitudes profissionais, renovar nossos desejos, nos despir de nossos pré-conceitos, enfim, nos permiti vivenciar um grande exercício de reflexão.
Por que não criar a prática do registro? Registrar é construir nossa história educacional, um processo a ser experimentando – só se aprende a registrar, registrando. O medo do “não sei escrever”, os erros, as falhas e a falta de fundamentos passam a constituir-se em atitude de diálogo, de troca e de encaminhamentos para a construção coletiva. Desmistificar que só os grandes teóricos são capazes de produzir textos, vai se tornando uma conquista. O caderno de registro passa a ser um instrumento valioso para os educadores, os quais retratam nele seu dia-a-dia. O registro vai se tornando parte fundamental para a renovação de nossas práticas pedagógicas, se caracterizando numa atitude cotidiana de organização, o qual acompanha e avalia todo trabalho desenvolvido na Unidade, ampliando nossos conhecimentos acerca do processo educativo, ajudando-nos avançar em nossos encaminhamentos, levantando hipóteses sobre o que não foi devidamente planejado, possibilitando-nos rever a organização dos espaços físicos, os objetos utilizados, enfim, possibilitar a organização de dados que nos forneçam elementos para re-planejar.
Como criar um clima mais favorável às novas idéias?
Estava faltando algo mais em relação aos momentos de formação dos educadores...Somente aos professores era facultado este momento semanalmente, o grande avanço foi tornar possível fazê-lo conjuntamente com a presença dos monitores, profissionais que lidam diretamente com a criança, mas não têm, necessariamente, formação no magistério, muitos sequer têm o 1º grau completo. Acreditando que todos na escola se constituem em educadores também aos funcionários da limpeza e lavanderia, todos, desde a direção, começaram a participar dessa formação em serviço coletiva. Estas reuniões passaram a ocorrer num dia letivo, portanto outro aspecto debatido por todos, foi à necessidade de criarmos estratégias para que os monitores que estaria cobrindo o setor no horário do sono das crianças tivessem garantido seu espaço semanal de estudo, assim ficou estabelecido o revezamento – realizado uma escala que contemplasse a presença de todos em pelo menos três reuniões no mês. Houve conflitos de interesses pessoais, mas graças ao bom senso e o fortalecimento do grupo frente às concepções do projeto pedagógico foram nosso compromisso.
Esses momentos de formação coletiva se constituíram num exercício de resgatar a dimensão humana do fazer, onde todos éramos produtores de idéias que encaminham a construção coletiva do conhecimento, na possibilidade real de acerto, na interação, na crítica transparente e na prática conjunta. Não existe verdade absoluta, nada é firmado como certo e errado, o que se tinha é a possibilidade da criação, construído a partir do compromisso e do respeito com o outro. A desconfiança e o medo da crítica ainda estavam presentes, mas a questão da participação coletiva vai se definindo como conquista – é preciso investir profundamente.
Assim, os momentos de formação, a partir do eixo de nosso trabalho pedagógico, corpo de todo nosso Projeto Pedagógico – o Projeto Identidade, vai sendo construído nas possibilidades de organizar o trabalho dos educadores na condução da prática com as crianças, utilizamos textos produzidos pelos educadores nestes momentos, e também aqueles utilizados no projeto, além de vídeos e situações do cotidiano, tudo permeado pelas discussões. Assim, foram experimentadas mudanças na rotina do grupo, com a criação dos trabalhos em mini-grupos, que passam a dar as crianças de três meses a três a possibilidade de vivenciar além do grande grupo (setor) o pequeno grupo formado pela divisão das crianças entre os profissionais (professor e monitores) de cada setor, de modo a privilegiar a mediação do profissional diante as atividades planejadas para e com as crianças.
Ainda, ao tratarmos da formação em serviço dos educadores tínhamos em nosso calendário escolar as reuniões de planejamento e integração, denominadas formação continuada, as quais ocorriam bimestralmente num dia não letivo, e onde buscávamos qualificar os momentos coletivos já existentes, ou seja, propiciar aos educadores visitas a Bienal do Livro, Museus de Arte, participação em eventos promovidos por instituições formadoras de educadores, convite de palestrantes pela escola, enfim, toda forma de oportunidade que pudesse propiciar interações qualificadas aos educadores.
Na escola, quais são os fatores que atrapalham e quais são os que ajudam a inovação​​?
Respondendo a questão, podemos afirmar que a concretização desse trabalho pedagógico foi possível graças a uma gestão escolar – espinha dorsal de todo trabalho, exercendo a paixão pela pesquisa e a arte dos desafios no cumprimento de seu papel de mediadores de todo processo educacional, acreditando que não se aprende apenas a fazer, mas a pensar sobre e decidir como, de forma contextualizada, articulada, caso contrário, o processo educativo fica restrito à reprodução de práticas sem significados. Fica para nós um aprendizado - um trabalho pedagógico não se decreta...é construído!
(mmarthasramos)

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